quinta-feira, 9 de julho de 2015

Para uma sociedade mais justa, Francisco pede que todos sejam acolhidos e não haja exc

O papa Francisco visitou nesta terça-feira, 7, a Pontifícia Universidade Católica do Equador, de propriedade da arquidiocese de Quito e confiada aos Jesuítas desde sua criação, em 1946.
Francisco foi recebido no espaço para 5 mil pessoas com muitos buquês e pétalas de flores. Na ocasião, abençoou crianças e enfermos. O papa foi acolhido pelo reitor do Ateneu e saudado pelo bispo de Loja e presidente da Comissão para a Educação e Cultura da Conferência local, dom José Espinoza Mateus.
A oração de São Miguel Febres Cordero, educador equatoriano falecido em 1854, foi rezada após a entrega de dons. Em seguida, houve os testemunhos de uma estudante,  uma professora e do reitor da Universidade de Cuenca. Logo depois, Francisco proferiu seu quinto pronunciamento desta primeira etapa da viagem à América-latina.
Em seu discurso, o papa usou inúmeras citações de sua recente encíclica, Laudato si’. Segundo ele, as palavras “cultivar e cuidar andam de mãos dadas”.  “Somos convidados não somente a participar da obra criadora, cultivando-a, fazendo-a crescer, desenvolvendo-a, mas também a cuidá-la, protegê-la e guardá-la”, disse.
Para Francisco, a relação entre a vida humana e a vida da terra é uma relação que encerra uma possibilidade, tanto de abertura, transformação e vida, como de destruição de morte. “Não podemos nos desinteressar-nos de nossa realidade, dos nossos irmãos e da mãe terra. Não é lícito ignorar o que está acontecendo ao nosso redor, como se determinadas situações não existissem ou não estivessem ligadas à nossa realidade”, alertou.
A educação para a vida
O contexto universitário, segundo ele, é um bom lugar para interrogar a educação a respeito da terra. “Nossos centros educativos são uma sementeira, uma possibilidade, terra fértil que devemos cuidar, estimular e proteger”, indicou.
Francisco também questionou os educadores a respeito do desenvolvimento do espírito crítico dos alunos, para que sejam livres e cuidem do mundo. Além disso, ele perguntou como ajudar os jovens a não olhar um diploma universitário como uma posição, prestígio e dinheiro. “Não são sinônimos”, disse ele, sugerindo que os jovens sejam auxiliados a ver esta preparação como sinal de maior responsabilidade perante os problemas atuais, o cuidado com o mais pobre e o meio ambiente.
O papel fundamental e essencial das comunidades educativas na construção da cidadania e da cultura foi outro ponto destacado pelo papa. “Não basta realizar análises, descrições da realidade, é preciso gerar espaços verdadeiros de pesquisa, debates que sugiram alternativas para as problemáticas de hoje”, pontuou.
Diante da globalização do paradigma que tende a crer que toda aquisição de poder seja simplesmente progresso, aumento de segurança e utilidade, o pontífice citou a encíclica Laudato si’. “Nos é pedido, com urgência, que nos animemos a pensar, a debater sobre a nossa situação atual, sobre o tipo de cultura que queremos ou pretendemos não só para nós, mas também para os nossos filhos, para os nossos netos. Esta terra, recebemo-la como herança, como um dom, como um presente. Nos fará bem interrogarmo-nos: Como queremos deixá-la? Qual é a orientação, o sentido que queremos dar à existência? Com que finalidade passamos por este mundo? Para que lutamos e trabalhamos?”, indagou.
O papa lembrou que as iniciativas individuais são boas e fundamentais, mas é preciso "olhar a realidade organicamente e não de forma fragmentada,  fazer perguntas que envolvam a todos, uma vez que tudo está interligado”. 
Encontro com sociedade civil
Da Universidade, Francisco seguiu para um encontro com a sociedade civil na Igreja São Francisco, e lá recebeu das mãos do prefeito de Quito as chaves da cidade. Estiveram no encontro representantes da sociedade equatoriana nos campos da cultura, economia, esporte, empreendimento industrial e rural, além de representantes das populações indígenas amazônicas.
O arcebispo de Cuenza e presidente da Comissão para os Leigos da Conferência Episcopal do Equador, dom Cabrera Herrera, saudou e acolheu o papa, que falou sobre a chave da convivência cívica: a não exclusão. “Nas famílias, todos contribuem para o projeto comum, trabalham para o bem comum, mas sem anular o indivíduo. As alegrias e as penas de cada um são assumidas por todos. Isto é ser familiar. Oh se pudéssemos ver o adversário político, o vizinho de casa com os mesmos olhos com que vemos os filhos, esposas ou maridos, pais ou mães!”, exclamou.
Ao indicar que o amor tende sempre à comunicação e nunca ao isolamento, Francisco observou que a partir deste afeto, surgirão gestos simples que fortalecem os vínculos pessoais, que irão se traduzir em valores sociais fundamentais como a gratuidade, a solidariedade e a subsidiariedade. “A gratuidade não é complementar, mas requisito necessário da justiça. O que somos e temos foi-nos confiado para o colocarmos ao serviço dos outros; a nossa tarefa é fazer com que frutifique em boas obras. Os bens estão destinados a todos e, embora uma pessoa ostente o seu título de propriedade, sobre eles pesa uma hipoteca social”, explicou.
Continuando sua lição sobre a convivência e a busca de uma sociedade mais fraterna, o papa ressaltou que a fraternidade vivida na família dá origem à solidariedade na sociedade, que não consiste em apenas dar ao necessitado, mas se responsabilizar uns pelos outros. “Se virmos no outro um irmão, ninguém poderá ficar excluído. O respeito pelo outro que se aprende na família traduz-se na esfera social, em subsidiariedade. Assumir que a nossa opção não é necessariamente a única legítima é um sadio exercício de humildade”, revelou.
Segundo ele, a Igreja quer colaborar na busca do bem comum, com suas atividades sociais e educativas, promovendo os valores éticos e espirituais, levando raio de luz e esperança a todos, especialmente aos mais necessitados.
Com informações do News.va

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