terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Obra na BR-101 provoca polêmica

Publicação: 08 de Fevereiro de 2011

Roberto Lucena e Ricardo Araújo - Repórteres

O rompimento dos bueiros localizados sob a BR-101, entre Natal e Parnamirim, que culminou com a abertura de uma cratera de aproximadamente 60 metros de comprimento, há duas semanas, está gerando polêmica entre os engenheiros do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea/RN). O Dnit realizou uma obra no local e o trânsito, antes bloqueado, já foi liberado. O presidente do Crea/RN, Adalberto Pessoa de Carvalho, afirma que o serviço realizado pelo órgão federal é apenas “um improviso” e que um novo rompimento pode acontecer em breve. Os engenheiros do Dnit contestam e asseguram que o reparo foi feito seguindo critérios técnicos.

À TRIBUNA DO NORTE, Adalberto afirmou, na edição de domingo passado, que o problema no local só será sanado após um trabalho de drenagem de toda a extensão da BR-101 entre o viaduto do 4º Centenário, em Natal, e o complexo viário de Parnamirim, além da construção de pontes sobre o Rio Pitimbu. Os engenheiros do Dnit/RN, através da Associação de Engenheiros do Dnit (Aednit), emitiram uma nota onde rebatem as críticas de Adalberto. “Não cabe àquele engenheiro o ato de lecionar engenharia aos servidores desta Autarquia, desfigurando dessa forma a sua atribuição de presidente do Crea/RN”, diz a nota.

A assessoria de imprensa do Dnit afirmou a nossa reportagem que o superintendente do órgão, Ezio Gonçalves dos Reis, foi à Brasília resolver detalhes sobre o projeto que irá reforçar o trecho da rodovia federal em questão. Adalberto Pessoa de Carvalho duvidou da existência desse projeto. “Eu entendo que o projeto não existe pois a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) não foi registrada. Se o superintendente trouxer o projeto, recomendo que registre no Crea, conforme rege a lei”, disse.

Na nota assinada pela Aednit, os engenheiros respondem: “O Dnit fez e faz a ART de todas as obras e projetos que executa, e não seria diferente com as Obras de Adequação de Capacidade da BR-101/RN. Enquanto Adalberto empenha-se em dar declarações atacando a ação emergencial empreendida por esta Autarquia Federal, o corpo técnico do Dnit/RN, juntamente com o Exército Brasileiro, planeja e desenvolve ações visando recuperar e devolver ao trecho a sua normalidade operacional e executar a solução definitiva do sistema de drenagem”.

Sobre a construção de uma ponte no trecho que foi destruído pela força das águas, os engenheiros do Dnit/RN explicam que não há necessidade, pois colocam como causa do desabamento da via, o colapso do sistema urbano de drenagem. “As ações que estão sendo desenvolvidas estão baseadas em critérios técnicos, aliados aos princípios públicos de economicidade, razoabilidade, impessoalidade, publicidade e zelo; portanto, o nosso compromisso é com a boa técnica e prática de engenharia, a ética profissional e o erário público, o que nos leva a defender a solução conjunta adotada de uma drenagem geral, contemplando o curso do Rio Pitimbu sob a BR-101, a bacia de contribuição e a drenagem superficial, levando-se em consideração sempre a preservação das condições ambientais do local”, escrevem.

Além do presidente do Crea, as obras realizadas pela Dnit receberam críticas do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil Sinduscon, Arnaldo Gaspar. “O grande erro do DNIT está em aumentar o bueiro que passa ali embaixo. Não acredito na solução definitiva que o órgão, emergencialmente encontrou para aquele local”, disse. Sobre as declarações de Gaspar, a nota da Aednit não traz resposta. “Nos próximos dias, também vamos responder ao Sinduscon/RN”, disse um engenheiro da associação.

reparos

Apesar do trânsito no local do rompimento dos bueiros ter sido liberado domingo, na tarde de ontem, homens do Exército continuavam trabalhando no trecho. Uma das faixas, de cada lado da pista, estava bloqueada na altura onde existia a cratera. O trabalho se concentrava no fechamento do canteiro central, que foi aberto para facilitar o fluxo dos veículos durante as obras de reparo na via. Os homens também retiravam o excesso de areia nas pistas.

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